A partir de hoje mudo-me de casa de palavras e imagens.
Chega, pois, de Edite@Barcelona.
Agora foco-me nas visões de dentro. Inside Sights. In-Sights.
Continuo a partilhar. Sem isso, a vida tem menos graça.
A quem queira seguir viagem, esta é a direcção: http://insidesights.wordpress.com/
Até já.
The end.
Monday, September 6, 2010
Tuesday, August 10, 2010
Crónica de uma morte anunciada
Há mais de um mês que aqui não pouso.
Pondero sobre o sentido de vir cá escrever de forma aberta. E pela primeira vez tenho um misto de vergonha/pudor e sensação de "e para quê?".
3 anos e meio depois começo a sentir este espaço menos espaço, entre o exibicionismo que contestava e o desconforto de já não lhe retirar o prazer de antes.
Continua a ser importante ter um espaço onde albergar as passagens pessoais que se reforçaram quando vim para Barcelona. Esta abertura a um mundo maior, mais longe dos constrangimentos (auto-)impostos.
A verdade é que desde que para cá vim viver a vida passou a ser sentida com mais sumo, e talvez daí a necessidade e vontade de partilhar e de me ir sinalizando no mapa, para mim própria.
Agora em Paris, agora na Grécia, agora na Suiça, agora na Itália...
Agora em tanto lugar, agora dentro de mim.
Mas chegado a este impasse, começo a pensar em novas soluções para o encaixe partilhado desta viagem pessoal.
Está visto que não vim ter uma aventura em Barcelona. Vivo cá há mais tempo do que aquele que partilhei a vida a dois. Estou cá mais aferrada do que o estive nos mais de 26 anos que vivi em Portugal. Sinto-me internamente melhor do que quando vivo na Lusolândia. Sem qualquer desmerecimento por esse ou outro lugar. Simplesmente com a consciência dessa noção.
Por isso, este espaço blog parece sermais do que a Edite em Barcelona.
É uma Edite no mundo, no seu mundo.
Seja aqui, onde vivo agora, com as minhas pessoas todas igualmente dentro, seja no lugar seguinte onde decida instalar-me, neste ou noutro continente, seja nos países que visito e nas experiências que sinto dentro.
A Edite não é de Barcelona, não está em Barcelona. A Edite é de onde está e vai estando em tantos lugares, e tem desejo de estar em tantos outros, que me parece redutor por-me num caixilho geográfico-físico.
A Edite improvisa e vive. Agora em Espanha, antes em Portugal, no próximo ano nos EUA?...
Mas a aventura segue. A de dentro.
Por isso, parece-me que este espaço, tal qual, terá que ser redifinido, revisto, repensado.
E nova solução surgirá.
Entretanto, aqui fica a crónica de uma morte anunciada neste blog de vida desde há 3,5 anos.
E o abraço a quem o segue.
Pondero sobre o sentido de vir cá escrever de forma aberta. E pela primeira vez tenho um misto de vergonha/pudor e sensação de "e para quê?".
3 anos e meio depois começo a sentir este espaço menos espaço, entre o exibicionismo que contestava e o desconforto de já não lhe retirar o prazer de antes.
Continua a ser importante ter um espaço onde albergar as passagens pessoais que se reforçaram quando vim para Barcelona. Esta abertura a um mundo maior, mais longe dos constrangimentos (auto-)impostos.
A verdade é que desde que para cá vim viver a vida passou a ser sentida com mais sumo, e talvez daí a necessidade e vontade de partilhar e de me ir sinalizando no mapa, para mim própria.
Agora em Paris, agora na Grécia, agora na Suiça, agora na Itália...
Agora em tanto lugar, agora dentro de mim.
Mas chegado a este impasse, começo a pensar em novas soluções para o encaixe partilhado desta viagem pessoal.
Está visto que não vim ter uma aventura em Barcelona. Vivo cá há mais tempo do que aquele que partilhei a vida a dois. Estou cá mais aferrada do que o estive nos mais de 26 anos que vivi em Portugal. Sinto-me internamente melhor do que quando vivo na Lusolândia. Sem qualquer desmerecimento por esse ou outro lugar. Simplesmente com a consciência dessa noção.
Por isso, este espaço blog parece sermais do que a Edite em Barcelona.
É uma Edite no mundo, no seu mundo.
Seja aqui, onde vivo agora, com as minhas pessoas todas igualmente dentro, seja no lugar seguinte onde decida instalar-me, neste ou noutro continente, seja nos países que visito e nas experiências que sinto dentro.
A Edite não é de Barcelona, não está em Barcelona. A Edite é de onde está e vai estando em tantos lugares, e tem desejo de estar em tantos outros, que me parece redutor por-me num caixilho geográfico-físico.
A Edite improvisa e vive. Agora em Espanha, antes em Portugal, no próximo ano nos EUA?...
Mas a aventura segue. A de dentro.
Por isso, parece-me que este espaço, tal qual, terá que ser redifinido, revisto, repensado.
E nova solução surgirá.
Entretanto, aqui fica a crónica de uma morte anunciada neste blog de vida desde há 3,5 anos.
E o abraço a quem o segue.
Thursday, July 8, 2010
Dance, dance, dance
E agora tenho feito isto.
www.pumbainprocess.blogspot.com
E tem sido absolutamente delicioso!!!!
www.pumbainprocess.blogspot.com
E tem sido absolutamente delicioso!!!!
Algumas paragens de por aí

Há umas semanas esqueci tudo e fui apanhar cerejas.
Durante 4 dias, tudo o que importou foi lavr rapidamente a louça de várias pessoas ao almoço e ao jantar, preparar saladas frescas com coisas recém-colhidas e calibrar o tamanho das cerejas.
Manchei os jeans de vermelhinho e deixei t-shirts em estados caótico, mas ao fim do dia, quando o corpo não aguentava mais e caía na cama, estava mais viva e limpa que nunca.
Entre as cerejas e as ameixas apanhadas em grandes cestos e ordenadas em grandes caixas, houve tempo para uma caminhada começada bem cedinho, por lugares assim fabulosos, com paisagens do Sr. dos Anéis...
4 dias de saída de city woman e entrada em menina do campo, sem cortados nem poluição no nariz.
Saturday, June 19, 2010
O meu Tango e a vida
O Tango tem para mim uma lição implícita. Vai muito além das análises que façamos nas aulas. Nas aulas importam os passos e o contacto que se estabelece com quem se dança.
Mas quando saio da Carrer Mare de Déu dels Desamparats, não me são só os pés que me vão mais sensíveis. O mundo tem tons diferentes, durante o caminho que faço até casa.
Porque no Tango aprendo a pensar como mulher e como homem, sem que me estejam a ensinar mais do que os passos que se espera de um e outro.
Nas aulas, esporadicamente faltam pessoas para os pares. Então os professores invertem-nos os papeis. E é assim que às vezes passo a hora e meia a fazer de homem, empoleirada nas nada firmes sandálias de tacão agulha.
Adoro quando no Tango os passos saem bem e posso fazer de mulher, leve e solta entre os braços que me levam e me movem o corpo ao som de acordes definidos. E rodopio nos oitos atrás e à frente e nos passos a contra-tempo. E encosto a minha cabeça no peito à minha frente, ou fixo os olhos por instantes, no corpo que guia, ou sinto o peito que coordena tudo conectado profundamente.
Mas também quando faço de homem, de forma inesperada. E de repente estou hiper consciente dos meus passos, e de mostrar à mulher que tenho diante o caminho que seguiremos. E a fazê-la entender com o meu tronco onde vamos e com os meus pés onde a quero. E consciente das ligações de passos e destes com o ritmo que ouvimos.
E de repente o tango é uma lição de vida que os 100 euros de 3 em 3 meses não pagam.
De repente o Tango ensina a levar e deixar-se levar. A aproveitar a energia conductora para aprender rápido os passos que fazem os homens. A aproveitar a fluidez ágil com que aprendemos a seguir as propostas e a imprimir-lhes pontos pessoais, que se espera das mulheres.
Deixar de lado a rigidez de querer mandar quando não toca, ou o desejo de ser levado quando não é o momento.
Creio que na vida, como nas nossas aulas de Tango, o poder só tem piada quando se pode desfrutar-lo fluindo. Quando aprendo a conduzir sem que se me note e a seguir sem pesar.
Quando intuo o caminho nos passos do outro e decido se o sigo ou se faço um "adorno" à minha maneira.
Quando ser capaz de seguir de olhos fechados se torna muito, mas muito mais do que um cego a deixar-se levar. Torna-se numa prova de confiança e numa comunicação que excedem a dominância.
Aprendo a deixar-me levada sem ser levada por ninguém. E aprendo a levar, quando os papéis se invertem, sem forçar, sem marcar, sem obrigar. Aprendo a imprimir subtilmente os passos de uma proposta que só será cumprida a dois.
Depois de 9 meses a dançar Tango, reforço a sensação que tive no primeiro dia, ao partilhar com a Soledad, iniciadora nos primeiros passos neste mundo, o engraçado que era reaprender os papéis de género nesta coisa do "tango". Que deixar-se levar não retirava à mulher, a sua força. E que levar, pelo homem, ia muito mais além de saber o que queria fazer. Era importante mostrar um caminho que ambos aceitassem partilhar e que quisessem desenhar juntos, com passos às vezes iguais e às vezes complementares. E às vezes, ser rodopiado sem sair do lugar, ou ter uma perna agarrada sem esperar. E aguentar. E seguir. E fluir entre as notas de Milonga ou Tango que se sentem, sem perder a classe e a postura de presença exigida.
Penso que o Tango, esta dança de sedução e suor, imprime ritmos distintos nas percepções dos "abraços" que estabelemos na vida.
Mas quando saio da Carrer Mare de Déu dels Desamparats, não me são só os pés que me vão mais sensíveis. O mundo tem tons diferentes, durante o caminho que faço até casa.
Porque no Tango aprendo a pensar como mulher e como homem, sem que me estejam a ensinar mais do que os passos que se espera de um e outro.
Nas aulas, esporadicamente faltam pessoas para os pares. Então os professores invertem-nos os papeis. E é assim que às vezes passo a hora e meia a fazer de homem, empoleirada nas nada firmes sandálias de tacão agulha.
Adoro quando no Tango os passos saem bem e posso fazer de mulher, leve e solta entre os braços que me levam e me movem o corpo ao som de acordes definidos. E rodopio nos oitos atrás e à frente e nos passos a contra-tempo. E encosto a minha cabeça no peito à minha frente, ou fixo os olhos por instantes, no corpo que guia, ou sinto o peito que coordena tudo conectado profundamente.
Mas também quando faço de homem, de forma inesperada. E de repente estou hiper consciente dos meus passos, e de mostrar à mulher que tenho diante o caminho que seguiremos. E a fazê-la entender com o meu tronco onde vamos e com os meus pés onde a quero. E consciente das ligações de passos e destes com o ritmo que ouvimos.
E de repente o tango é uma lição de vida que os 100 euros de 3 em 3 meses não pagam.
De repente o Tango ensina a levar e deixar-se levar. A aproveitar a energia conductora para aprender rápido os passos que fazem os homens. A aproveitar a fluidez ágil com que aprendemos a seguir as propostas e a imprimir-lhes pontos pessoais, que se espera das mulheres.
Deixar de lado a rigidez de querer mandar quando não toca, ou o desejo de ser levado quando não é o momento.
Creio que na vida, como nas nossas aulas de Tango, o poder só tem piada quando se pode desfrutar-lo fluindo. Quando aprendo a conduzir sem que se me note e a seguir sem pesar.
Quando intuo o caminho nos passos do outro e decido se o sigo ou se faço um "adorno" à minha maneira.
Quando ser capaz de seguir de olhos fechados se torna muito, mas muito mais do que um cego a deixar-se levar. Torna-se numa prova de confiança e numa comunicação que excedem a dominância.
Aprendo a deixar-me levada sem ser levada por ninguém. E aprendo a levar, quando os papéis se invertem, sem forçar, sem marcar, sem obrigar. Aprendo a imprimir subtilmente os passos de uma proposta que só será cumprida a dois.
Depois de 9 meses a dançar Tango, reforço a sensação que tive no primeiro dia, ao partilhar com a Soledad, iniciadora nos primeiros passos neste mundo, o engraçado que era reaprender os papéis de género nesta coisa do "tango". Que deixar-se levar não retirava à mulher, a sua força. E que levar, pelo homem, ia muito mais além de saber o que queria fazer. Era importante mostrar um caminho que ambos aceitassem partilhar e que quisessem desenhar juntos, com passos às vezes iguais e às vezes complementares. E às vezes, ser rodopiado sem sair do lugar, ou ter uma perna agarrada sem esperar. E aguentar. E seguir. E fluir entre as notas de Milonga ou Tango que se sentem, sem perder a classe e a postura de presença exigida.
Penso que o Tango, esta dança de sedução e suor, imprime ritmos distintos nas percepções dos "abraços" que estabelemos na vida.
Sentimentos de si...
Ontem morreu o Saramago.
Acabou-se o sonho da viagem a Lanzarote para lhe bater à porta, num fim de tarde cinzento, depois de ter subido a mesma montanha que ele, aos muitos anos de vida. Acabou a magia do encontro que tinha imaginado. Mas continua Saramago.
O velhinho de frases longas, de coisas fundas, de provocações (im)pertinentes para mim. Povoou-me mundos, fez-me pensar outras coisas, inspirou-me o sentido crítico, envolveu-me em páginas de letras acumuladas, encavaladas. Levou-me através de um ritmo novo. O ritmo em que as frases escritas coincidiam com o ritmo dentro da minha cabeça. E creio que por esse ritmo frenético, seguido, visceral e forte me apaixonei.
O ritmo. Hoje o Ritmo.
É Sábado. Às 9 da manhã estava sentada na praça Rius i Taulet, a ocupar uma das muitas mesas livres, com o sol a reflectir, o corpo aberto. Encontrava-me com o argentino R-Ritmo, o amigo de alma com quem, uma vez por ano, fluo também entre palavras de cadência imparável. De novo a mesma sensação de que é impossível desacelerar a vitalidade contida na partilha, a magia dos encontros, a energia de vidas vividas com um sentido mais além.
De novo as palavras que transformam mundos.
Está sol e o sol tem destas coisas. Que desperta os sentidos e as emoções da flor da pele, da liberdade de voar com a cabeça alada. De maximizar a sensação de ritmo implícito em cada acto, em que emoção.
Hoje o insight chega sob a forma de palavras amigas. E acompanha o insight de Alma, mantido com as pessoas que me nutrem de forma forte nos últimos tempos. Tudo parece confluir no mesmo sentido de sintonia. Onde certas coisas deixam de ser estranhas, para serem só assim.
Páro. Agora baralho-me entre o tudo que quero escrever.
Porque agora quero escrever que acredito em que se vive por mais qualquer coisa.
Porque agora acredito tanto no ritmo implícito do Cosmos, que me deixo guiar por ele sempre que é possível (desafio de paciência para mim extremo).
Caramba!
Quero escrever que tudo tem um sentido mais além. Tudo tem que ter um sentido mais além. Não falo de deuses, não sei o que isso é. Falo de mim, falo de nós. Do que há implícito no invísivel aos olhos.
Falo em querer coisas que estão longe dos olhos. E de as saber indentificar e manter-se fiel à vontade que despertam.
Saber reconhecer o ritmo que existe para além de mim. Confiar nele. Rir-me dele, quando não conspira a meu favor e saber esperar até que assim seja.
Não desesperar, não esperar sentado.
Há coisas, e eu gostava de saber estar-lhes mais vezes mais ligada, que entram pelos póros e nos nutrem de forma intensa, "agarrante".
Hoje as palavras coordenaram-me. Entre as do Sr. Saramago, de quem me despeço agradecida pelo passeio a que me levou e ao R-Ritmo, que me inspira a acalmar o Ego (tarefa dificil) e receber inspiração de linhas de máquinas de costura.
Hoje o sentimento de si vai pelas palavras.
Tuesday, June 8, 2010
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